O Blog Tudo o Que Você Vê teve a honra de entrevistar Marina Mello, rapper paulista que acabou de lançar seu elogiado EP de estreia.
Ela é uma das expoentes da nova safra do rap nacional e acabou de lançar seu primeiro EP, intitulado “Eu, Mariana“, que contou com a produção de André Nine (Haikaiss, Flip e Banda Malta, entre outros). O Ep é composto de 4 faixas e você pode ouvir ele na íntegra no final da entrevista.
Sobre as faixas que compõem o EP, Mariana comenta: “São 4 faixas nas quais cada uma mostra um ponto de vista sobre o que vivo, vejo e sinto na busca pela solução dos conflitos internos”.
A santista, que hoje vive em São Paulo, é dona de uma personalidade forte. Suas letras tem inspiração em seu dia a dia. Mariana chama a atenção do mundo do rap, com poucas, porém muito elogiadas apresentações.
[Tudo o que você (ou)vê] Seu EP chama-se “Eu, Mariana”, é de certa forma uma boa maneira para se apresentar, afinal, quem é Mariana Mello?
[Mariana Mello ] Acredito que foi a melhor maneira de me apresentar sim, pois minha estrada foi construída por conta da força do meu nome como pessoa física. Mariana Mello é uma mistura de fé e ceticismo, de compreensão e rebeldia pois acredito que ninguém é um só e foi isso que cativou meu público.
[Tudo o que você (ou)vê] O que você costuma ouvir? Quais são suas maiores influências na música?
[Mariana Mello ] Ouço de tudo, bem clichê, mas se eu sinto que a música tem “alma” e toca meu emocional, estou ouvindo no último talo. Minhas maiores influências são ícones nacionais como Legião Urbana, SNJ e Rita Lee. Tem muitos outros artistas que me inspiram e mesmo que na maioria das vezes não lembre o nome das músicas foram eles que me ensinaram o que é fazer arte e música boa (não que eu tenha chegado no nível de algum, mas é a meta).
[Tudo o que você (ou)vê] Você iniciou como modelo, desde quando você está inserida na cena musical? Como foi esse momento de se identificar como rapper
[Mariana Mello ] Esse lance de eu ter começado como modelo será desconstruído aos poucos. Eu comecei trabalhando, fui garçonete, estagiária da Receita Federal, designer de sobrancelha, atriz, varejista, modelo, hostess e outros bicos mais. Nunca fui modelo oficialmente, já afirmei esse posto para que me valorizassem profissionalmente e fazê-los entender que trabalhar em troca de roupas e parceria não paga conta nem comida.
Percebi que podia ser uma rapper quando o ritmo me dominava, quando imaginava e criava novas letras em cima de melodias e beats, minhas qualidades artísticas sempre gritaram e por tomar a frente de algumas situações em que ninguém tinha atitude logo pensei: “Não sei cantar, adoro expor meus pensamentos, interpretar e amo o hip-hop, ok, penso, logo existo”.
[Tudo o que você (ou)vê] Conte sobre como é seu processo de criação?
[Mariana Mello ] O meu processo é lento e só concretizo por culpa da minha teimosia: sou capaz, sou capaz e sou capaz! Algumas letras demoram anos como “Drama da manhã” que não finalizei até hoje e um dia como a “Recato”.
[Tudo o que você (ou)vê] As mulheres estão cada vez mais conquistando um espaço mais que merecido na cena musical, em especial no rap, que sempre teve uma cara masculina. Como você percebe essa mudança e o que espera para o futuro?
[Mariana Mello ] Percebo quando uma mulher faz um rap tão bom quanto os dos caras ou melhor. Percebo que a maioria se vitimiza nas letras, espero que isso mude e a força venha de afirmações evolutivas e não reclamações sobre a realidade em que passamos, pois a mudança começa em nós. Se temos o poder, devemos lí-der-ar e não lamentar.
Quero conquistar milhões de pessoas por persuasões
Não leve a sério discussões, necessitamos de leões
Que comandem a selva, sem gerar mais confusões
[Tudo o que você (ou)vê] Quem são as mulheres que lhe inspiraram para começar a cantar?
[Mariana Mello ] Muuuuitas! Vamos lá: M.I.A, Chris (SNJ), Elis Regina, Dina Di, Pitty (o disco Anacrônico quase me educou), Mc Kátia, Erykah Badu, Karol Conká, Rita Lee (como disse lá em cima), Flora Matos, Taz Mureb, P!NK, Yolandi Visser (Die Antwoord) Tássia Reis e ainda sinto que esqueci de alguma.
[Tudo o que você (ou)vê] Me fale sobre como foi gravar estando grávida, a música se chama “Universo em Crise”… O quanto essa música tem a ver com seu momento de vida?
[Mariana Mello ] Foi com mais intensidade, era como se eu estivesse cantando pra ela. Percebi que muita gente se impressionou (infelizmente) deveria ser visto com naturalidade e não impressionismo. Aí vemos o QUANTO nos moldamos ao sistema machista de atração.
[Tudo o que você (ou)vê] Quais são os planos para o futuro?
[Mariana Mello ] Ser feliz hahahaha.
Ouça o EP Eu, Mariana