Conversarte convida Ziraldo e Elifas Andreato – Por Melanie d’Haese Grosbelli

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A primeira vez que fui ao Teatro Bom Jesus vi a adaptação da peça “O Menino Maluquinho” com uma excursão do colégio (é… faz tempo eu sei). A vida dá voltas e ontem um dos  convidados da primeira edição do Conversarte foi nada mais, nada menos que o Ziraldo, criador do menino maluquinho.  O bate-papo que aconteceu no Teatro Bom Jesus,  foi intermediado pelo jornalista Cristiano Castilho e contou com a presença do artista gráfico e jornalista Elifas Andreato  e  de André Coelho, cartazista que estava expondo seu trabalho no hall de entrada do teatro.

A conversa foi bastante descontraída e interativa. Os convidados falaram sobre arte, redes sociais, educação, a pasteurização da mídia e sobre um país que não tem mais sonhos. Temas por vezes densos, mas que foram tratados com muito humor, principalmente por Ziraldo.

Questionados sobre a quantidade de “arte” que se produz na atualidade, Ziraldo foi claro em colocar que “ sem dom não há arte”. Elifas completou dizendo que: “só é arte aquilo que é mais sincero em você”. Os dois concordaram ainda que a arte, para ser levada a sério deve ter qualidade, pertinência e personalidade.

Duas perguntas vindas da plateia fomentaram a discussão sobre o incentivo à leitura e a educação no Brasil. Ziraldo fez questão de frisar que este é o assunto ao qual é mais questionado e disse que fica complicado incentivar a leitura em um país onde nem os professores leem. Mas defendeu a classe que de acordo com ele é desvalorizada pelo governo.

As redes sociais e a internet foram e voltaram do bate-papo mais de uma vez. Ao ser perguntado sobre a força da internet na discussão da política nacional Elifas colocou que o meio é sim um grande instrumento, mas que a juventude atual não faz a sua parte. Ziraldo ainda comparou as discussões feitas hoje em redes sociais às conversas que eram tidas antigamente em âmbitos domésticos, na mesa de jantar. De acordo com ele a internet amplifica esse pensamento doméstico, onde qualquer um pode dizer o que lhe bem interessa sem pensar em argumentações e embasamento.

Ao ser questionado sobre a falta de atitude dos brasileiros em relação aos atuais escândalos políticos Ziraldo disse que a juventude não tem mais sonhos e que o objetivo do jovem, hoje, é viver a utopia de uma novela onde um relógio é mais importante que a curiosidade. Ainda de acordo com ele é a curiosidade que gera o conhecimento e este resulta na evolução. Elifas foi enfático ao dizer que hoje ninguém quer discutir nada. Nem mesmo a grande mídia, que de para eles não gera debates, apenas visões pasteurizadas e unilaterais.

Confesso que é difícil resumir tudo o que foi dito ontem no Conversarte, mas com certeza muitos temas interessantes foram colocados na mesa. Claro que tiveram aqueles que foram na palestra só para poder postar uma foto no Instagram, mas tenho certeza que algumas sementinhas foram plantadas na mente e no coração daqueles que estavam realmente interessados. Estou ansiosa para os próximos Conversarte, caso queira saber a programação clique aqui.

“A história canalha foi contada pelos poderosos. A história verdadeira foi contada pelos artistas.”
Ziraldo

Melanie d’Haese Grosbelli

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